Esse aí acima sou eu há duas semanas. Hoje o cabelo tá cortado com máquina 3.
Esse blog tem mais de 2 mil posts, mas uns 4 comemorando meu aniversário sendo que dois foram nos últimos dois anos e antes foi há 12 anos!
Em 2020 comemorei “normalmente” meu aniversário pouco antes de entrarmos em isolamento e comentei no post com o título muito criativo Meu aniversário 2020 ;-) e ano passado deitei publicamente no divã no post A falta de significado do aniversário e a pandemia refletindo sobre transhumanismo (palavra de origem ruim), budismo, desapego ao ego, traumas de infância, mas posso resumir aqui: não se preocupe! Não ligo para a data que meu corpo nasceu principalmente porque acho que outros eventos me influenciaram muito mais do que aquele dia do qual sequer lembro hehehehe.
Esse ano marca o segundo em que a dinâmica das comemorações está inevitavelmente mudada e os parabéns que chegam pelo Meta (vamos ter que chamar o Facebook assim, agora?), Telegram, email, WhatsApp etc são praticamente 100% das interações que terei hoje.
Decidi, como fazia inclusive quando não tinha pandemia, responder cada um lembrando de alguma memória comum, mas achei que devia escrever também um post falando alguma coisa.
E que coisa vou dizer no dia do meu aniversário? Que quem tem amigos tem tesouros? ;-)
Não numa época em que vemos que quase todos nós temos pelo menos uma pessoa que admirávamos e hoje está cooptada por teorias da conspiração que as mergulha em delírios a ponto de replicar frases de lunáticos que diziam que a Terra é plana, refrigerante é adoçado com células de feto e vacinas implantam chips… Não só isso, também estão assombradas por preconceitos e ódios.
Temos que dar valor a quem está conseguindo atravessar os últimos 10 anos sem se deixar arrastar, mas também temos que manter nossa fé ou pelo menos encontrar alguma paz em relação a essas amizades. A gente não pode se entregar também à raiva que a decepção e perplexidade podem causar.
O que tenho a dizer nesse segundo aniversário pandêmico é que…
Uma vez meu pai perguntou a uma versão antiga minha, com uns 16 anos, o que eu gostaria de ter se pudesse desejar qualquer coisa.
Na época nem me passou pela cabeça que se tratava de alguém que achava que podia comprar qualquer coisa que um jovem de 16 anos pudesse querer.
Eu lhe disse que gostaria que todas as pessoas tivessem mais desejo de ouvir do que de falar, que ouvissem com empatia e alteridade (eu não conhecia alteridade na época) e não lembro da terceira coisa, mas não era um videogame e sim algo como “querer a paz”.
Coitado do meu pai… Ele disse para escolher algo que pudéssemos comprar no shopping onde estávamos (o Rio Sul) e devo ter saído de lá com um ou dois livros.
39 anos se passaram e vou dizer que continuo querendo mais ou menos o mesmo presente de aniversário. Que a gente descubra que somos todas vítimas de um sistema que precisa mudar e está em transformação, que a gente descubra formas de conversar com as pessoas que “perdemos” para os medos, WhatsApps, preconceitos e delírios implantados pela força de muito terrorismo moral, muita campanha de desinformação.