Entre o mercado e a porta de ferro fundido do edifício onde moro passo por meninos de rua com a pele curtida, cabelos curtos e olhares endurecidos. Passo por um pedinte que desenrola a gaze ao redor do metal prateado que atravessa sua pele para se aparafusar em seus ossos.

Que importância pode ter nas ruas das nossas cidades a metafísica da existência? Nenhuma!

Nossa vida valeu a pena se, nas tardes bucólicas, nos entregamos à dúvida e desafiamos os limites da nossa percepção da realidade, mas, para a vida que corre entre os últimos reflexos incandescentes do sol que se põe é comer, é sorrir e é acreditar num amanhã melhor do que o hoje que importa.

Hoje, portanto, a metafísica se recolhe mais uma vez às entrelinhas dos devaneios…