Já que alguns políticos se dizem incapazes de compreender a crase explicarei o título deste post antes de prosseguir. A crase ali naquele “a” significa que não vou falar a respeito das sombras das nuvens, mas sim sobre estar debaixo delas, certo?

“O mundo no meu tempo era mais inocente”. Creio que isso passa pela cabeça de todo adulto ao se lembrar da infância. Pode ser, mas nós também perdemos a inocência conforme crescemos ─ apesar disso não ser necessário: Dá para viver alienado a vida toda.

Acontece que aos 11 anos uma criança atenta já percebe um monte de coisas e ainda assim não vê o mundo com amargura. Quando as nuvens escuras se aproximam elas enxergam a promessa de brincadeiras na chuva.

Hoje me lembro dos meus 11 anos pois é o aniversário de um amigo que atravessou, sempre por perto, todas as décadas desde que eu corria pela rua durante as chuvas intensas de verão.

No ano passado escrevi uma festa de aniversário para ele já que está morando fora. Este ano sentei para fazer algo parecido, mas fui me lembrando dos dias simples da quinta-série quando o futuro da humanidade já era uma preocupação, mas ainda não nos sentíamos responsáveis pois não tínhamos os instrumentos necessários para fazer mais do que sonhar com o amanhã.

Percebi que quase todos nós andamos hoje em dia sob as sombras de tempestades, mas algumas amizades são capazes de congelar o tempo e se eternizar com a essência dos 11 anos. Elas são a prova de que o espírito mais crítico ainda pode ver o mundo pelos olhos sagazes dos jovens.

Este ano, portanto, não lhe escreverei uma festa imaginária, este ano te ofereço a memória bem real das amizades que saem das tempestades molhadas e rindo.