Arte é entrega, abandono de si mesmo, de brios, recatos e morais pessoais.
Não é que uma pessoa moralista ou recatada não possa fazer arte, todo mundo pode. Mas aquela arte que entra pelos poros, que nos arrepia e causa ecos ao longo dos anos muitas vezes sobrevivendo ao pó dos ossos do artista; ah! Esta arte só percebe quem é apenas um náufrago tentando traçar um mapa enquanto seu bote é sacolejado na superfície do mar do inconsciente.
Imagine você. Uma noite fria, a peça de formatura de mais uma turma da CAL. Na banheira Marat agoniza e, do alto de uma sacada sua assassina se atira na escuridão da noite. Isso já faz uns anos.
Essa é a primeira imagem que tenho da atriz Adriana Valente que apresenta um fragmento do seu novo trabalho lá no Centro Coreográfico.
Se estiver no Rio vá lá para conferir pois deve valer a pena.