imagem: capa dos livros originais

Antes de mais nada: pode ler sem medo. Não faço spoilers.

Ainda um pouco antes do restante: essa resenha é apenas sobre o primeiro livro muito embora eu tenha usado a imagem dos três para você já saber que se trata de uma trilogia.

Agora vamos lá!

Se você estiver com preguiça de ir ler a orelha do livro (por que alguém teria tanta preguiça? Acho que você devia pensar nisso por um minuto, o que acha?) aqui vai um resuminho que já dá uma noção do tipo de livro que você terá pela frente.

O orfanato da srta. Peregrine para crianças peculiares é de Ransom Riggs, com tradução de Edmundo Barreiros e lançado no Brasil pela editora Leya. Nesse momento está esgotado em papel, mas o digital não esgota e custa menos de 13 reais.

Jacob é um adolescente padrão da literatura jovem adulto: tem 16 anos, uma vida chata, um único amigo chato, pais chato e, ele mesmo, é uma pessoa sem graça, entretanto, claro, cairá em um mundo fantástico no decorrer do livro. Ah! Tem o avô, que não é chato, mas é meio maluco.

Passei mais de um ano paquerando esse livro, mas sem me animar a comprar, justamente porque me parecia lugar comum e desconfiava que a boa capa era uma armadilha.

Aliás o problema não é ser lugar comum, é nos entregar um tipo de sonho que acho que não faz bem, sabe? Esse lance meio gata borralheira de fugir da realidade para um personagem que é tirado de uma vida comum e sem graça como a nossa para outra maravilhosa.

Só que não é o caso.

Desde as primeiras páginas percebemos que a aventura de Jacob estará envolta em coisas assustadoras, a começar pela capa do livro, vamos combinar, né? As crianças peculiares também dão bastante medo.

E por falar nas primeiras páginas elas nos apresentam o clima da história com calma e são sombrias desde o começo, o bastante para podermos colocar o livro tanto na categoria de fantasia quanto de terror. Tem uns momentos bem assustadores, viu?

Assustador é bom. O mundo pode ser muito perigoso de vez em quando e é melhor aprendemos a lidar com o medo nas páginas de um livro do que em carne e osso, não é?

Já notei no trailer do filme (é, terá um filme esse ano) que mudaram muita coisa do livro e receio que ele perca boa parte da sua atmosfera densa e profundidade dos personagens, mas vamos dar um crédito para o Tim Burton, né? É o tipo de história perfeita para ele.

Para fazer uma boa história assustadora é necessário escrever bem e cheguei a colocar o livro na categoria literatura (e sou meio chato com essa classificação, viu?) porque ele pode não ser uma OBRA de literatura, mas tem vários bons momentos (parabéns também para o tradutor e editores) que vão te proporcionar vários parágrafos de prazer pela simples forma e ritmo com que as palavras vão formando o parágrafo.

Ah! Outra coisa importante em qualquer história é ser verossímil, não é mesmo? Verossímil e instigante. Sabemos de vários mistérios que prometem muito, mas quando chegamos à solução pensamos “Puxa? Era só isso? Sério?”.

O universo das crianças peculiares é muito convincente, é bem explicado durante o livro e do jeito certo, mantendo-nos na mesma expectativa que o Jacob enquanto descobre ou lhe contam coisas. Além disso é beeeem vasto e o livro termina bem e com material para os dois seguintes serem tão bons quanto o primeiro.

Aliás, o que faz uma história ser boa não são os mistérios que ela guarda (por melhores que eles sejam), mas o desenvolvimento dos personagens e gostei muito do que vi até agora e vê-se que dá para seguir muito bem pelo restante da trilogia.

Tá bom. Tem um momento ou outro que vc dirá “que burro!” ou “que burra!”, mas isso é meio inevitável. Sempre aparece uma situação em que seríamos mais espertos que os personagens, mas leve em conta o estresse que eles estão passando.

Enfim, é uma aventura bem escrita que nos leva junto a uma jornada de amadurecimento com personagens reais, ainda que peculiares. Recomendo muito!

Tem um trailer do livro de quando foi lançado:

Falhas

Só uma coisa me incomodou: a editoração do digital está muito ruim, tem palavras coladasmaisoumenosassim e uns códigos srvperdidos no texto.