Tenho conversado muito sobre fé e religião.

Por um lado nos perguntamos se ainda é positivo levar a uma criança esse tipo de crença, afinal vivemos uma época de desmitificação e a fé acaba sendo um passaporte para a decepção.

Apesar disso continuo achando que nós humanos somos seres que sonham e a fé é o atrevimento de sonhar com a alma que teremos um dia!

Por isso resolvi começar com livros que, ao meu ver, ajudam a construir a fé.

Reconhecidamente um dos mais importantes defensores da fé cristã protestante C. S. Lewis nos deu também histórias que ajudam a construir uma personalidade independente, nobre e forte.

O protestantismo no tempo de Lewis talvez fosse diferente, mas o fato é que muitos nem mesmo percebem estar diante de uma história repleta de imagens cristãs ao ler as Crônicas de Narnia.

Tenho debatido com amigos as características do cristianismo moderno, talvez devêssemos até chamá-lo de neo-cristianismo, mas o que vemos nas crônicas de Lewis é o cristianismo em sua manifestação mais pura, onde as pessoas percebem que o maior inimigo são seus próprios medos e ignorâncias.

As seis crônicas foram reunidas em um único livro.

Mas também podem ser achadas em seis volumes:

  1. O Sobrinho do Mago
  2. O leão, a feiticeira e o Guarda-roupa
  3. O Cavalo e seu Menino
  4. Príncipe Caspian
  5. A Viagem do Pelegrino da Alvorada
  6. A Cadeira de Prata

Nossa civilização é cristã e por isso acho importante que a criança seja apresentada ao cristianismo puro através de Lewis, mas também vivemos às portas da era do conhecimento. Nosso entendimento do Universo e da evolução que nos trouxe até aqui deixa poucas lacunas para os Deuses dos antigos que eram utilizados para explicar os  raios, terremotos, a Lua e as estrelas.

Pensando nisso escolhi outro livro para falar sobre fé, um onde somos convidados e olhar o mundo da alma com olhos curiosos e perscrutadores, com os olhos da cientista, filósofa e teóloga de oito anos de idade, Anna.

Alô Sr. Deus, Aqui é Anna“, Martins Fontes, é uma obra de raro valor e pouco conhecida, mas é uma das mais marcantes que li até agora, tanto por sua simplicidade quanto por sua profundidade.

Outro que não pode faltar embora use uma linguagem meio arcaica para os jovens modernos é O Menino do Dedo Verde, de Maurice Druon.

O pequeno Tistu pode soar um bocado ingênuo hoje em dia, mas é o tipo de ingenuidade que nos permite pensar por um momento que não somos obrigados a perpetuar os erros do passado.

Esse livro foi escrito na era da corrida armamentista, mas o jovem leitor vai fazer facilmente a analogia com a sociedade do consumo em que vivemos hoje.

Gostaria de acrescentar muitos outros livros aqui, mas notei que, na verdade, foram poucos os livros que li sobre fé em minha infância e que indicaria para outros. Alguns deles já não existem mais e de outros eu esqueci.

Além disso há duas outras obras que frequentemente são citadas ao lado das Crônicas de Narnia e não coloquei aqui. A primeira é a trilogia de Tolkien, contemporâneo e amigo de Lewis e a segunda é a trilogia de Philip Pullman (Fronteiras do Universo) que uns poucos já se atrevem a colocar ao lado das outras duas.

Elas não estão aqui porque vejo nelas diferenças que justificam um post para cada uma.