Último domingo do mês, Denise Stoklos no teatro Glória, bem ao lado de casa, por apenas um Real! Ah! não dá para perder algo assim! Pego o telefone, agenda na outra mão, e desato a ligar para os amigos para compartilhar com eles o prazer de um bom espetáculo. Entre os que já se deixam vagar meio mortos pela vida e não se dão ao direito de abrir os olhos e os que não perdem uma boa chance se surpreender acabamos juntando dezessete.
E lá estou eu, bilheteria aberta apenas há 20 minutos e já uma fila saudável. Faço os cálculos, conto e reconto as pessoas que irão, treze, toca o telefone, ah! Mais duas, ok!
Aquele murmúrio indefinido percorre a fila, gente comentando o último espetáculo um ano atrás, as prévias da votação para presidente, o limite de quatro ingressos por pessoa! Como! Ahhh! Toca novamente o telefone! Mais duas? Tudo bem!
Olho para a moça bem à minha frente na fila, nossos olhos se encontram, ambos buscando um brilho de simpatia, ela toma a dianteira…
– Quantos ingressos vcê vai comprar?
– Ahaha! Ia lhe perguntar a mesma coisa!
– Eu preciso de oito! – Os olhos arregalados de quem imagina se vai conseguir!
– É, preciso, bem, de dezessete, sabe?
Amigos de fila, papos de fila, mais tarde os encontros com os amigos de sempre, alguns sumidos que reaparecem, e os novos amigos de fila, piadinhas e o prazer de viver em uma terra onde o riso é fácil, a conversa é bebida que desce fácil e fresca pela garganta e o espírito é leve.