Há filmes que fogem de classificações e, ao meu ver, somente por isso já seriam especiais, no entanto nem sempre o que é original é bom, positivo ou memorável.

Hora de Voltar (Garden State) não é comédia, não é drama, não é fantasia ou filme de arte, e tem uma pequena dose de cada, mas não é isso que me fez gostar do filme a ponto de voltar a escrever sobre cinema aqui.

Hora de Voltar é delicado e sensível. Nos apresenta a personagens um pouco inusitados, mas reais e multifacetados.

O cinema andou marcado por personagens mono dimensionais e totalmente inverossímeis então é ótimo acompanhar pessoas como as desse filme.

Elas tem um bocado de absurdo como um sujeito tomando o café da manhã usando uma armadura medieval (atualmente um dos protagonistas de Big Bang Theory), mas há uma textura psicológica que me laçou de jeito.

A única coisa que esse filme não fez foi me deslumbrar (aliás em geral só livros me deslumbram) e por isso não diria que é um dos 3 melhores filmes que já assisti, mas com certeza é uma obra capaz de nos divertir, fazer refletir e nos deixar com uma sensação para cima ao final.

Os que gostam de filmes bem no padrão hollywoodiano talvez não apreciem a película.

Uma surpresa, ao menos para mim, é a boa direção e roteiro de Zach Braff (ator do seriado Scrubs) o que vem mais uma vez provar que há sensibilidade e inteligência alimentadas pelos lucros da vazia cultura de massas (nunca vi Scrubs então posso estar sendo injusto).

Fica aqui, então, a dica de um bom filme para assistir num desses dias que precisamos de algo que deixe a vida mais leve sem nos alienar.