Me perdi pelo mundo a tal ponto que um dia nem mesmo eu sabia onde estava. Era uma manhã fria apesar do céu azul com poucas nuvens. Ao redor nada além de uma vasta savana, ao lado uma fogueira apagada e os companheiros de viagem: homens altos com a pele curtida pelo sol, olhos negros profundos e amarelados onde me acostumei a ver branco.

Peguei um punhado de terra do chão e a cheirei. O orvalho da noite revela os cheiros que se escondem na terra seca. Lá estavam os traços da passagem de leões, zebras e dos pés descalços de dezenas de milhares de anos de humanidade.

Talvez aquele lugar fosse o Éden, onde o primeiro humano olhou para os céus e se perguntou se havia algum sentido em sua existência. Ali tudo havia se iniciado, talvez tudo viesse a acabar.

Poucos dias depois tanques pesados e a borracha sintética das botas de centenas de soldados deixariam naquela terra um cheiro totalmente diferente.

Foi então que decidi perseguir o doce aroma que senti naquela manhã onde ele ainda pudesse persistir.