Os olhos ardem de sono, as imagens das ltimas doze horas passam pela memria como nuvens sopradas pelo vento de vero. O corpo tenta se ajeitar na cadeira reclinvel sem muito sucesso enquanto o nibus mergulha entre o mar de morros que circunda a serra de Terespolis.

Sinto os msculos tensos, os tendes retesados como se estivessem se preparando para reagir a um ataque iminente que nunca vir. Fecho os olhos, ajeito os ombros e relaxo lentamente a face, os olhos… sinto uma lgrima sem histria preencher o olho direito. Apenas um efeito do cansao e da luz que penetra pelos olhos relaxados, atravessa a plpebra cerrada, mas fina.

Alguns minutos, talvez apenas segundos, se passam e a tenso est l novamente, os olhos se abriram sem que eu notasse e as memrias voltaram, o filme incessante de idias e fragmentos de dias que ficaram para trs assombra o batiscafo tomado pela penumbra que desce entre altas paredes de pedra e rvores verdes.

Uma vez mais jogo o corpo displicentemente sobre a cadeira e me deixo afundar no esquecimento sentindo o rosto se desfransir, os ombros escorrerem e a conscincia se perder em sono profundo…