Escrito durante o show da banda Queen Tribute em São José do Rio
A cidade fervilha de preconceito e daquela dor não percebida de tão antiga.
A cidade em peso escolheu o medo e o ódio para guiá-la através do deserto, para levá-la mais fundo no deserto…
Num grande palco iluminado o músico cover canta… Love of my life, don’t leave me… E suspiros ecoam pela plateia de jovens, idosos, famílias com bebês e quase toda a diversidade humana…
Caminho entre ela observando seus olhares e vejo apenas a beleza humana, mas sabendo que muitas delas estão num oásis que se dissipará quando deixarem o santuário da música pois o medo… O medo é ensurdecedor e a música é suave. A música é suave… E eprendemos desde os primeiros passos que o bem existe acuado entre as vagas do mar violento do mundo real.
Uma voz ecoa em meus delírios, como se quisesse pegar timidamente o controle dos microfones e clamar pelo despertar da empatia e da sede de transformação das crianças, da juventude que jamais devia se apagar.
Como se ela quisesse declarar seu amor e fé incondicional na persistência da juventude nos corações mais endurecidos. Como se quisesse falar que sabe que talvez essas pessoas sejam justamente as sementes que persistem vivas no deserto, mas que podem achar que não há água ao seu alcance, que não devem tentar estender suas raízes se enfraquecendo sem esperança de encontrar um solo que as deseje como elas desejam o futuro.
Então a voz decide pelo caminho da suavidade, da brisa que nos acaricia tão suavemente que só a notamos se acalmamos nossas emoções e os ruídos em nossos ouvidos. Ela persiste… a voz sempre persiste assim como as sementes delicadamente reunidas em famílias… em todo tipo de famílias.