Imagine uma parede de tábuas mal alinhadas que deixam espaços por onde vem a luz do sol, o frio da noite, a fumaça das drogas, o medo que mora ao lado.
O sofá é velho, mostarda, encardido e com alguns rasgos por onde escapam tufos de espuma. Sobre ele está a menininha abraçada aos joelhos.
O rostinho sujo, marcado pelas lágrimas de ainda a pouco. Seus olhos grandes olham atentamente para frente. Suas bochechas refletem as variações de cor da TV cheia de chuviscos.
─ Fiz sem querer querendo! ─ diz um dos borrões de chuviscos
Uma risada se espalha pelo pequeno barraco totalmente alheia à escuridão que a cerca!