O mundo muda com muita facilidade porque nosso olhar pode se modificar totalmente no espaço de um breve encontro.

Eu vinha passando apressado para encontrar uma amiga, que já me esperava, quando a periferia do meu olhar foi absorvida por ela…

Estava sentada na borda de um canteiro falando ao celular onde facilmente não a perceberia, mas nossas atmosferas de percepção se aproximaram o suficiente! Estaquei de imediato e disse seu nome me virando em sua direção.

Ela olhou para cima, me viu e deixou fluir um “Oba!” que dispensa outras palavras.

Algumas amizades são assim… Há anos não nos vemos pessoalmente. Ela anda entre os espíritos da floresta que abandonei e eu vagando pelos labirintos da civilização de bits.

Nós, os absorvidos pelos labirintos cibernéticos tendemos a nos sentir mais ou menos como a estátua do Cristo, elevada e luminosa acima de elevações obscuras e distantes do chão onde a vida, as lendas, os deuses germinam e se espalham pelas mentes das pessoas simples.

Esquecemos do brilho divino do Sol que irradia a Terra de energia para a vida, para os sonhos e para aspirações muito além dos fugazes 10 mil anos de civilização e que nos aquece há milhões de anos, antes mesmo de arrogantemente nos auto proclamarmos “sapiens”.

Encontrar com a amiga, em vez de alimentar meu ego, me lembrou de como a razão é jovem e ingênua e que o sábio reconhece os deuses não só entre os cantos escuros da nossa ignorância, mas também nos vales mais luminosos da humildade de saber e sentir-se parte sutil, como uma folha em uma vasta floresta de árvores frondosas, da existência nesse pequeno planeta que circunda uma estrela comum, mas poderosa.

Nos falamos rapidamente, já já ela viaja de novo, mas volta ao Rio para passar um tempo e talvez o improvável encontro casual signifique que é hora de nos vermos de novo.

Sigo meu dia acompanhado pelos espíritos que brilham naqueles olhos consciente que meu ceticismo é uma criança diante dos deuses antigos…