Janeiro de 2023 e sigo pela rua sem máscara. Não que seja a primeira vez que sigo pela rua desde que me recolhi para dentro do meu apartamento em março de 2020, nem que seja a primeira vez que faço isso sem máscara. Comecei a não usá-la na rua em algum momento depois da metade do ano passado e já no início do ano me esforçava para ir mais para a rua.

É… me esforçava pois deixei de ter vontade de sair de casa, mas esse é um assunto para outra ocasião e o que importa aqui é que somente agora, no início do quarto ano pandêmico (além dela não ter acabado acho realmente que a sociedade e, certamente, algumas pessoas mudarão para melhor, pior ou simplesmente diferente depois dos dois primeiros anos) me reencontrei com o senso do olfato.

Logo no final do primeiro ano da pandemia peguei a covid-19 e passei 6 meses recuperando lentamente o olfato e depois continuei sem sentir os cheiros da rua porque estava sempre de PFF2, inclusive porque a covid passou, mas ficou uma alergia recrudescida que me leva a manter a máscara ou fico cheio de coriza do dia todo.

Pois esses dias tenho tirado a máscara ao ar livre em Copacabana e e Ipanema e me surpreendi retomando consciência dos aromas e cheiros das ruas.

Desde que o olfato voltou ao longo de 2021 tenho a desconfiança que ele voltou diferente, nem pior, nem… na verdade talvez um pouco melhor porque desconfio que estou sentindo menos alguns cheiros ruins hehehehe.

Quando pensei nesse post a ideia era fazê-lo como um conto, algo como “Caminho pelas ruas revivenciando a experiência do olfato, me surpreendendo com com as memórias e geografias dos aromas, cheiros e fedores da cidade que se desordena através do tempo”, mas isso ficará para outra ocasião também porque desse jeito demoraria muito mais e infelizmente o tempo anda se espremendo aqui, tanto que as sensações que me trouxeram a esse texto já estão um mês velhas.

Acontece que só um conto ou uma crônica seria capaz de passar a sensação do reencontro com os sentidos, da recuperação do diálogo entre minha mente e o nariz. É tão estranho perceber novamente os cheiros…

Foto: acervo próprio – Ipanema em dezembro de 2021