A reflexão é a lâmina que nos permite vencer o intrincado emaranhado de urzes e trepadeiras que nos cercam por mais que levantemos estes grandes obeliscos de concreto para afastar as lembranças das selvas deixadas para nossos antepassados esquecidos.

Ah! Mas trata-se de uma lâmina perigosa, uma cimitarra na verdade! Difícil de manusear e com dois gumes.

Mergulhamos em nossas considerações e nos achamos brilhantes ao escrever algo original e intrincado, mas é na simplicidade que sempre estiveram os maiores segredos e a mais profunda sabedoria…

Simplicidade como os grandes olhos da menina que observa a primeira aula de ballet como estagiária de professora. Na grande sala somente a professora, duas alunas e a jovem estagiária. A expectativa e a tensa compenetração de quem deixa de ser uma mera aprendiz para ser ajudante daquela que tantas vezes ela olhou com admiração incontida. Não é difícil imaginá-la pedindo o estágio. Os olhos buscando as lágrimas que insistem em tentar fugir pela face, o coração batendo oco dentro do peito, a garganta queimando…

Enquanto isso alguém está brandindo sua cimitarra contra moinhos de vento, monstros invencíveis que talvez nem estejam lá realmente.