Imagem:Bridge – Alex Stanin
Não sou eu nem o outro, sou qualquer coisa de intermédio, pilar da ponte do tédio entre eu e o outro.
Era qualquer coisa assim, não era? Melo de Sá Carneiro, certo?
Já parou para pensar nisso? Serve para a humanidade.
O mais louco é que isso é meio Borges, olha bem.
Tem a ponte que liga um sujeito a outro, só que ele não está de um lado da ponte, ele é um dos pilares. Então a ponte na verdade não liga um ao outro, ela liga um “sujeito antes” a outro “sujeito depois”.
Poderia até ser uma ligação entre dois momentos da mesma pessoa… É uma embolação, tá vendo?
Mas também serve para a humanidade.
Quem foi o primeiro humano? O primeiro primata não humano que era pai de um humano homo sapiens como você e eu?
Aliás, como assim como você e eu? Somos homo sapiens há uns 200 mil anos e não devemos mais ser tão “como” os primeiros homo sapiens.
Hoje mesmo estava lendo que suspeitam que, até uns 3.000 anos, a maioria de nós devia ouvir vozes achando que eram deuses ou espíritos da natureza falando conosco e só de lá para cá começamos a considerar que essas vozes são internas (e ouvir vozes pelo jeito é mais comum do que a gente imagina, então, se você escuta vozes talvez não esteja perdendo a sanidade. É só uma coisa que nem mau hálito: ninguém fala nisso).
Percebeu? Nós todos, cada um de nós, é um pilar em uma ponte que liga humanos do passado a alguma coisa no futuro.
Sim! Alguma coisa.
O que nos garante que são humanos que esperam do outro lado da ponte para existir? Quem sabe não serão outros terráqueos? Golfinhos? NPCs que hoje vivem em Azeroth e um dia sairão de lá para governar a Terra?
– Mário de Sá Carneiro…
Hein? Que voz é essa que interrompe meu diálogo interno? Aliás, meu monólogo interno.
– É Mário de Sá Carneiro e não Melo de Sá Carneiro. Nem tem primeiro nome nisso.
Ah… Então pelo jeito é verdade que ouvir vozes é mais comum do que a gente imagina.
Será que tenho mau hálito também e não sei?
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