Estava pensando nesse post desde ontem porque todo mundo está com covid de novo, afinal… pós aglomerações de carnaval, né?

O título ia ser “Todo mundo com covid, mas tudo bem!” e ia falar em como tá todo mundo passando pela covid sem maiores problemas afinal, todos bem vacinados, né? Minha fatia social toma todas as doses possíveis e muitas pessoas (inclusive eu) mantém o uso das máscaras PFF2 em lugares fechados ou aglomerados.

Máscaras aliás que certamente são o que me protege do sars-cov-2 porque peguei vários uber com motoristas que pareciam abrigar em seus pulmões um verdadeiro pântano a julgar pelas tosses e minha última dose de vacina já está pelas tabelas.

Mas aí abro a lista de canais que assino no YouTube e vejo esse vídeo no canal da Dianna Phisics Girl:

Patreon do canal (estou contribuindo)

Resumindo para quem tem gatilho (eu devo ter pq nem consegui parar de chorar para contar para a minha esposa e tive que explicar por mensagem no Signal). Dianna pegou covid ano passado (certamente estava vacinada) e desenvolveu uma forma severa de síndrome de fadiga crônica.

Acrescentando uns dias depois: Vou adicionar no final alguns artigos e mais comentários inspirados por uma amiga que teve a síndrome de fadiga (conseguiu se curar com um tratamento experimental) depois de outra virose e ela me alertou que o problema precisa de mais atenção.

Isso é relativamente raro mesmo em quem não tomou vacina e mais ainda em quem está em dia com as doses de reforço ou tomou pelo menos duas doses, mas pode acontecer e, se acontece com a gente… bem, pode ser terrível.

Espero que ninguém fique com paranoia lendo isso. Eu não estou. A vida tem muitos riscos e a gente toma as medidas possíveis para amenizá-los.

Lembro de uma vez que chuveu granizo em Ipanema e eu estava com um amigo que nunca tinha visto aquilo. Fui para baixo da marquise enquanto ele girava encantado com as pequenas pedrinhas caindo em suas mãos e cabeça e me perguntava até que tamanho podiam chegar. Respondi que tinha ocorrências do tamanho de laranjas e ele correu para a marquise ao meu lado!

Faço o que posso para não pegar e está dando certo, mas tenho ido até a bares cheios, ainda que bem ventilados. Cada um tem suas necessidades e entendo que tem gente que precisa tanto do calor humano do carnaval que correu o risco dos blocos e acho que estão certas! Às vezes o custo do isolamento é muito mais alto do que o risco de sequelas.

Na verdade até tenho minha dose de sequelas. Depois da covid meu corpo lembrou que sou asmático e alérgico. Até 2021 eu nem lembrava disso e agora tenho que tomar um remédio todo dia de manhã, outro antes de dormir, usar máscara onde tiver muita poeira e tomar antialérgico se for exposto a algum agente alergênico.

Nem são sequelas sérias e por causa dos cuidados até tenho tido mais qualidade de vida agora que antes, mas não posso abrir mão dos remédios e passei quase um ano bem ruim até achar a combinação adequada de preventivos.

A gente pode ser jovem. A gente pode ser saudável. Podemos ser pessoas cheias de alegria e simpatia e ainda assim desenvolver problemas que ainda não são bem conhecidos e que não sabemos bem como tratar.

Tá doendo pacas… Me lembrou de quando soube da morte do meu antigo professor de física, o Pedro Paulo. Pelo jeito me apego a físicos. Foi uma notícia repentina e explodi num choro que deixou minha esposa sem graça por não ter me preparado para a notícia, mas ela nem tinha como saber.

Quando vi a notícia meu inconsciente só sentia a dor da perda, muito embora eu soubesse que eram notícias sobre um estado de saúde crítico, mas com esperanças.

Enfim. Tô abalado e tive que escrever. Nem sei que imagem usar nesse post. Só agora vou pensar em algo e colocar lá. Agora posts tem que ter imagens. Acho que vou tentar algo com alguma dose de esperança.

Se cuidem. Tomem todas as doses. Não se exponham sem necessidade! Se tiverem que se expor procurem manter a tranquilidade. Os riscos são bem pequenos e você está apenas sendo uma pessoa cuidadosa.

Mais sobre a fadiga crônica pós covid

Estava subestimando o problema porque não conheço ninguém que tenha desenvolvido alguma sequela crônica depois da covid, tirando uns casos de alergia e asma como o meu, mas são coisas leves.

No entanto não é bem assim.

Em primeiro lugar ainda não sabemos qual é o dispositivo que causa a fadiga crônica pós covid. Desconfia-se de um fator genético, mas que fator é esse? Como saber se temos ou não?

Em segundo lugar, mesmo quem tem formas leves da covid pode desenvolver alguma síndrome pós-covid. As vacinas reduzem esse risco, mas não muito.

Finalmente… tem muito caso e parece haver subnotificação. Só no Reino Unido são 4 milhões de pessoas. 17 milhões na região da Europa coberta pela Organização Mundial de Saúde e pelo menos 65 milhões no planeta, mas suspeita-se de um índice alto de subnotificação.

Vale lembrar que há indícios que pegar covid sucessivas vezes pode aumentar o risco de desenvolver a síndrome de fadiga crônica.

Ao subestimar os efeitos pós-covid deixamos de investir em pesquisas, que talvez sejam mais importantes que usar as máscaras individualmente.

Minha amiga, como já teve essa síndrome antes, decidiu assumir que tem o fator genético e é uma das poucas em seu círculo de amizades que ainda usa máscaras em lugares fechados ou aglomerados (como transporte público) e continua não indo em cinemas ou restaurantes fechados, o que reduz bastante as alternativas de lazer dela porque mora em um país muito frio.

Não estou falando nisso tudo para assustar ninguém. Francamente acho que não precisamos ficar com paranoia. Existem vários cuidados que tomamos como lavar a mão com frequência quando estamos na rua, não deitar na cama com a roupa que usamos na rua e algumas pessoas até adotaram o hábito de não andar em casa com o sapato com que foram na rua.

São meros cuidados de higiene que podemos adotar tranquilamente. Eu já nem penso quando passo álcool nas mãos ou deixo meu tênis na porta quando entro.

Seguem alguns artigos úteis:

Vou destacar alguns pontos:

  • Mulheres tem 2x mais risco de desenvolver covid longa
  • O risco de desenvolver covid longa aumenta muito de acordo com a severidade da covid (tome a vacina)
  • Pode se estender por mais de 3 meses depois de se curar da covid. Tem casos com mais de um ano
  • Sintomas: fadiga e dor no corpo, variações de humor, problemas cognitivos e falta de ar.
  • Também tem sido chamada de condição pós covid-19
  • Estima-se que entre 10 e 20% das pessoas que tiveram covid-19 desenvolvem algum efeito de médio ou longo prazo
  • Entre 22 e 36% das pessoas não retém os anticorpos depois de se curar da covid-19 e muitas outras perdem os anticorpos em alguns meses. Isso dificulta também o estudo de quantas pessoas tiveram a covid e o desenvolvimento de estudos sobre a covid longa
  • No Reino Unido as pessoas mais suscetíveis são as entre 35 e 69 anos, mulheres ou em contato mais direto com muita gente, como quem trabalha em serviço social ou escolas
  • O terceiro artigo acima traz uma série de dados estatísticos difíceis de analisar sendo leigos. Por exemplo, será que a Omicron causa mais covid longa ou atingiu muito mais gente por ser mais contagiosa e pelo afrouxamento das medidas preventivas e máscaras? O artigo é mais útil para pessoas médicas, epidemiologistas, estatísticas.

Foto de Lina Trochez na Unsplash