Eles nasciam do jeito que iriam morrer: adultos, fortes, altos, bons ou maus de acordo com o que estava escrito.
Viviam oitenta ou cem anos sem que jamais lhes surgisse uma ruga, sem que jamais vissem o mundo de outra forma que aquela que viram ao abrir os olhos pela primeira vez.
No fim simplesmente paravam, oscilavam em pé por alguns segundos e tombavam no chão se desfazendo em mil pedaços.
Assim era o povo de mármore…
Deixaram de existir muito antes do tempo dos seres de carne, dos humanos que vem ao mundo pequenos e cegos para ir crescendo, aprendendo a se mover e ir mudando até o último suspiro de vida.
No entanto as páginas dos jornais, as telas das TVs nos fazem crer que o povo de mármore ainda vive entre os políticos, marginais e loucos…
Pode ser, lá na fantasia dos tubos catódicos! Na realidade do asfalto a alma insiste em se transmutar…