Photo by Masaaki Komori on Unsplash
Boas festas
Assim nos despedimos das pessoas em dezembro, mas muitas vezes, cada vez mais vezes, falamos apenas por costume como “Oi, como vai, tudo bem? tudo e você? tudo bem” ou com uma esperança vã de que a outra pessoa acredite e fique melhor depois da nossa saudação, ou talvez que nós mesmas acreditemos nela pelo menos um pouquinho.
Esperança. Como toda palavra ela tem vários significados.
Tem a esperança nossa de cada dia, nos dê hoje, amém. Que é mais um choro de fé do que a antecipação de coisas melhores que virão.
O fim de ano e suas festas estão contaminados pelo consumismo, pela fuga da realidade e por falsidade. É o que muitos amigos dizem em suas timelines. Convenhamos que as pessoas que conheço não estão muito erradas.
No entanto o seu espírito é você que escolhe. A mensagem que você passará para quem está ao seu redor é você que decide.
Além do mais, a experiência me ensinou que geralmente as pessoas se “vestem” com as aparências e ideias que acreditam que a sociedade espera delas para fazer parte, para se conectar e no fundo mesmo as pessoas que lhe parecem estar entregues à falsidade e leviandade do fim de ano se sentem como um fragmento de vida isolado num muro cinza e anseiam por conexão verdadeira.
Provavelmente até tem essa conexão com uma pessoa ou outra, bem próxima, mas acaba achando que é a exceção.
Quase nunca somos exceções. Nós somente não conseguimos ver os outros suficientemente perto porque cidades com milhões de pessoas nos fazem criar muros para nos proteger de diferenças que nos parecem irreconciliáveis.
Não sabia bem qual seria a mensagem desse post quando comecei a escrever, mas agora ficou clara para mim.
A mensagem é que pode parecer que o mundo está tomado por superficialidade, egoísmo, preconceito, consumismo, mas tudo isso pode ser apenas a ilusão criada por tempos que nos inspiram medo pois pessoas muito influentes obtiveram poder justamente anunciando e prometendo o ódio.
Talvez você esteja pensando naquela ex-amizade, no parente que você cortou da sua vida justamente porque em 2018 suas percepções de mundo se chocaram violentamente e isso lhe pareça irreconciliável. Acredite em mim. Não é.
Todavia deixarei isso para abordar ao longo do próximo ano. A ideia aqui é plantar esperanças.
A esperança de que nossas diferenças são mais superficiais do que parecem e que quase todos temos ou estamos buscando o sentimento de fraternidade, empatia, mudança e os caminhos da paz.
Esperança como Václav Havel descreveu há tempos: A habilidade de se dedicar para que um objetivo seja atingido (adaptação minha do texto a seguir)
Hope in this deep and powerful sense is not the same as joy when things are going well, or willingness to invest in enterprises that are obviously destined for early success, but rather an ability to work for something to succeed. Hope is definitely not the same thing as optimism. It’s
Václav Havel – Esquire – out/1993
not the conviction that something will turn out well, but the certainty that something makes sense, regardless of how it turns out. It is this hope, above all, that gives us strength to live and to continually try new things, even in conditions that seem as hopeless as ours do, here and now. In the face of this absurdity, life is too precious a thing to permit its devaluation by living pointlessly, emptily, without meaning, without love, and finally, without hope.
Esperança do tipo que nos leva a fazer o que percebemos que deve ser feito para irmos no sentido de uma sociedade em que todas as pessoas sejam respeitadas e possam exercer suas crenças, suas naturezas, desenvolver suas culturas sem que tenhamos medo que as diferenças nos tirem o direito de ter nossa própria individualidade.
Esperança que nos dá forças e equilíbrio para nos dedicarmos às outras coisas como empatia, projetos, amizades, agir localmente enquanto pensamos globalmente.
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